GOTAS DE ORVALHO

Há 58 anos passados, um homem que morava na Rua da Cruz, nº 66, em Ceará Mirim, lançava “Gotas de Orvalho”, um pequeno livro de poesia, com 104 páginas. Seu nome? Ribeiro Filho.
Que sabemos deste homem? Sinceramente, acredito que quase nada. Quem pode nos ajudar a resgatar a memória deste cidadão que vivia em Ceará Mirim, embora fosse natural de Baturité - CE?
Ribeiro Filho foi um homem culto. Em 1950 quando lançava seu segundo livro Gotas de Orvalho, pois o primeiro fora “Últimas Cartas”, em 1948, já tinha outras obras inéditas, como “Vidas dos grandes capitães”, “tratado de poesia e outros sonetos” e “Páginas do meu Outono”, um romance.
Ele foi educado pelos Padres Jesuítas, na sua terra natal Baturité. E “Gotas de Orvalho” nasceu como ele mesmo escreveu no prefácio “como desejo fundar um colégio na cidade em que habito, então me decidi definitivamente, a publicá-lo”.
Que colégio foi este? Eis um desafio que eu proponho aos homens de cultura de Ceará Mirim descobrir. Alguém há de saber algo ou indicar alguma pista.
Quanto a obra supracitada posso dela extrair que Ribeiro Filho era um católico praticante. Tudo leva a crer que não tinha lá muita sorte no amor, pois algumas de suas trovas externam sentimentos de perdas: “ Os anos são flores, que passam na vida, deixando a saudade, levando os amores” ( página 59) e saudades: É ela (saudade) que vive no meu coração, lembrando os amores da minha ilusão (página 61).
É inegável que Ribeiro Filho nutria um amor por uma jovem bela que passava em sua rua, a quem ele fez a poesia abaixo:
EU QUERO TEUS OLHOS
Menina formosa, com as tranças na fita, que passa na rua, faceira e bonita,
Eu quero beijar com o mais puro amor, teus lindos cabelos, teu rostinho em flor!
Donzela morena, esbelta e formosa, que quero os teus lábios, assim cor de rosa!
Eu quero beijar com amor verdadeiro, teus lábios de mel, teu corpo faceiro!
Menina formosa, qual tenro jasmim, eu quero teus olhos bem perto de mim.
(páginas 81 e 82)

Para mim foi uma alegria encontrar dentro do acervo da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras este pequeno livro de Ribeiro Filho, principalmente pela sua beleza e também por ser ele um cearense, que assim como eu, aprendeu a amar Ceará Mirim. Quanta riqueza literária existe neste Vale!