CRÔNICA DE NATAL
O garoto tinha à época quatro anos de idade. É claro que não entendeu nada do que o pai lhe falou, mas também não precisava entender, afinal, seu presente de Natal estava garantido e para ele isso era o que importava.
─ Está aqui o seu presente! Mas lembre-se: quem lhe está dando é seu pai e sua mãe e não o papai Noel. Diogo fazia questão de repetir essa frase todos os anos, mesmo quando o filho era mais novo.
Com um largo sorriso nos lábios o menino corria para beijar e abraçar os pais. Sua felicidade em ganhar o presente no período natalino tinha mais um propósito: seu presente era recebido antes da noite de Natal.
Seria sempre assim. Era o que planejava Diogo. ─ Vai ganhar presente, mas saberá que papai Noel não existe.
Era seu jeito de ser e Clarice já estava acostumada. O filho também se acostumaria, pensava ela.
O namoro dos dois começou ainda na faculdade. Foi lá que nasceu a ojeriza ao capitalismo e consequentemente aos capitalistas.
─ Não adianta! Eles ficam com tudo que o trabalhador produz e em troca pagam salários miseráveis! Dizia com veemência sob o olhar apaixonado e atento de Clarice. O menino ouvia sempre os argumentos do pai e, aos poucos, parecia entender o significado daquelas palavras complicadas.
─ Dia dos pais, das mães, dos namorados, tudo invenção dos capitalistas para ficarem mais ricos...
Depois de dez anos de casados, Clarice já sabia até a sequencia da fala do marido. Nenhuma palavra faltava em seu repertório cotidiano. Ele se dizia anticapitalista.
Por outro lado, a mulher procurava ensinar para o filho que o Natal é o aniversário de Jesus Cristo e, por isso, é tão importante para a humanidade.
─ Neste período natalino, meu filho, devemos praticar o bem, perdoar as pessoas, devemos nos reaproximar dos amigos e dos parentes que se distanciaram por qualquer motivo. Enfim, é no Natal que as pessoas se abrem para reencontrarem o amor de Jesus Cristo no irmão.
Alan ouvia sua mãe atento e, passando a mão em seus cabelos, perguntou baixinho:
─ E o capitalismo?
─ Esse também existe, conforme seu pai tem falado. Clarice respondeu secamente, porque percebia a dificuldade da criança compreender a dimensão da palavra capitalismo.
Mas, com o passar do tempo o casal percebia que o filho já tinha absorvido a idéia de que o papai Noel não dá presentes e quem os dá são os pais, e isso enchia os dois de orgulho.
Entretanto, no ano passado aconteceu uma coisa inexplicável. Quando se aproximava o Natal, Alan meio sem jeito se dirigiu ao pai que estava no sofá lendo um livro e perguntou:
─ Pai, posso falar com você um minuto?
─ Claro, filho! O que é?
─ Sabe pai, é que eu gostaria que vocês este ano colocassem meu presente embaixo da minha cama, para que ao acordar eu tenha a sensação de que foi o papai Noel quem deixou.
A professora Margareth Pereira é cearamirinense e especialista em literatura comparada.
─ Não adianta! Eles ficam com tudo que o trabalhador produz e em troca pagam salários miseráveis! Dizia com veemência sob o olhar apaixonado e atento de Clarice. O menino ouvia sempre os argumentos do pai e, aos poucos, parecia entender o significado daquelas palavras complicadas.
─ Dia dos pais, das mães, dos namorados, tudo invenção dos capitalistas para ficarem mais ricos...
Depois de dez anos de casados, Clarice já sabia até a sequencia da fala do marido. Nenhuma palavra faltava em seu repertório cotidiano. Ele se dizia anticapitalista.
Por outro lado, a mulher procurava ensinar para o filho que o Natal é o aniversário de Jesus Cristo e, por isso, é tão importante para a humanidade.
─ Neste período natalino, meu filho, devemos praticar o bem, perdoar as pessoas, devemos nos reaproximar dos amigos e dos parentes que se distanciaram por qualquer motivo. Enfim, é no Natal que as pessoas se abrem para reencontrarem o amor de Jesus Cristo no irmão.
Alan ouvia sua mãe atento e, passando a mão em seus cabelos, perguntou baixinho:
─ E o capitalismo?
─ Esse também existe, conforme seu pai tem falado. Clarice respondeu secamente, porque percebia a dificuldade da criança compreender a dimensão da palavra capitalismo.
Mas, com o passar do tempo o casal percebia que o filho já tinha absorvido a idéia de que o papai Noel não dá presentes e quem os dá são os pais, e isso enchia os dois de orgulho.
Entretanto, no ano passado aconteceu uma coisa inexplicável. Quando se aproximava o Natal, Alan meio sem jeito se dirigiu ao pai que estava no sofá lendo um livro e perguntou:
─ Pai, posso falar com você um minuto?
─ Claro, filho! O que é?
─ Sabe pai, é que eu gostaria que vocês este ano colocassem meu presente embaixo da minha cama, para que ao acordar eu tenha a sensação de que foi o papai Noel quem deixou.
A professora Margareth Pereira é cearamirinense e especialista em literatura comparada.
Um comentário:
Como web-leitor do chaminé, eu estava mesmo sentindo falta das crônicas da professora Margareth, como de costume, escritas de maneira simples porém, tocante. Agora que o blog do Tio Ed vai entrar em recesso, sugiro a professora que crie o seu próprio, para que possamos continuar a desfrutar desses seus escritos. E desde já deixo o JG à sua disposição. Se achar que somos merecedores da sua participação nesse humilde blog, por favor, fique à vontade.
Um Feliz Natal!
Eliel Silva
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