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segunda-feira, 3 de novembro de 2008



Certa vez, véspera de um feriadão, tive a infeliz idéia de fazer compras num desses magazines. Após, parti em busca do caixa para fazer o pagamento. Passei quase três longas horas de espera. Castigo aliado a falta de atenção para com o cliente. Mas nem tudo foi desastre. Na fila estava um resumo desse Brasil classe média. Eram mais de 50 pessoas ávidas para saírem com suas compras em busca do lazer ou o descanso que o feriadão permitia. Na minha frente tinha um sujeito gozador, que apesar de propagar ter desenvolvido todos os sintomas de acidente vascular cerebral, se orgulhava da dieta rica em gordura, cachaça e cigarro que levava e ainda desdenhava da esposa que preparava comidas leves, mas ele atravessava a rua e saboreava uma buchada no boteco mais próximo. Pensei: Este é um semi-morto. Ao lado, uma senhora evangélica em vão tentava convertê-lo. Achei uma chata, pois tentava pregar pra toda a fila como se fosse a dona do mundo. A conversa corria solta, facilitada pela moça do caixa que despachava a passo de tartaruga. Um velho tentou iniciar uma série de piadas sem graças. A mulher dele se zangou achando que o mesmo estava se insinuando para a garota que estava com um carrinho cheio “pipos”, “modess” e cds de hip-hop. A moça levava um papo sem graça com um garoto que percebi ser seu irmão. Outro rapaz reclamou dos preços e do atendimento péssimo que nos era dispensado. Sugeriu que o outro supermercado próximo estava mais vago e com preços menores. O velho das piadas retrucou dizendo que era tudo uma merda só e que o cara queria era ver a fila diminuir. A moça do caixa continuava lenta. Nesta altura muita gente já tinha trocado número de celular num ritual de intimidade que incluía até convite para visitas mútuas. Outras já tinham pegado número de CPF e RG do vizinho de fila. Eu estava exausto, com sede e vontade de mijar. Minha vez não chegava. Ainda faltavam cinco pessoas com carrinhos cheios. Pensei em desistir. Voltei atrás. Não compensava perder o tempo e ainda chegar em casa de mãos vazias, para ter que comprar no dia seguinte. Um rapaz, cujas compras se sobressaiam pelo excesso de latinhas de Pitu resolveu ajudar a nossa caixa lesma embalando as mercadorias dos outros. Cobrava uma latinha por pessoa. Superlotou o seu carrinho.Lembrei que minutos antes um fiscal do supermercado havia expulsado um pedinte que rogava por um pacote de leite. Ninguém deu. Inclusive eu. Sei que a fila andou graças ao tino do tomador de Pitu. Sai cansado e mal humorado. Tomei água, fui ao sanitário.Na viagem de volta pensei naquelas horas de espera e escutas. É o nosso povo. Sempre alegre e cheio de improvisos. Talvez ai esteja a chave dos insucessos deste Brasil. Todo mundo numa boa. De bem com a vida, esperando o feriadão para se divertir. O resto...bom, o resto, principalmente aquelas comidas dos carrinhos, vira b..., como diz Rita Lee. (Publicado originalmente em Abril/2008).

Um comentário:

Anônimo disse...

PARABÉNS A COMPANHIA DE TEATRO LOUC'ART PELA CORAGEM EM FAZER TEATRO NUMA CIDADE ONDE NÃO HÁ INCENTIVOS A CULTURA E PREDOMINA A CULTURA DE MASSA (LEIA-SE FESTAS DE FORRÓ E SUWINGUEIRA). JÁ TINHA ASSISTIDO A PEÇA EM MEADOS DOS ANOS 90 E TIVE NOVAMENTE A OPORTUNIDADE DE SORRIR BASTANTE COM A CASA DOS VAMPIROS. PARABÉNS!