
O Registro sobre a história de Ribeiro Filho não está por todo perdido. A escritora Lúcia Helena Pereira, filha deste vale e neta de Madalena Antunes, tem salvado em seus acervos algumas missivas que Ribeiro Filho destinou à sua avó.
Hoje, presenteamos os leitores desta coluna com uma carta que além da beleza lírica e estética é também, sem sombra de dúvida, um canto de declaração e amor a este Vale encantador, onde além da “Rosa Verde”, visível somente pelos poetas, há também em algum lugar, as raízes da Árvore da Vida.
A carta abaixo se refere ao agradecimento de Ribeiro Filho sobre o trabalho “Gotas de Orvalho”, que tratamos na semana anterior.
Hoje, presenteamos os leitores desta coluna com uma carta que além da beleza lírica e estética é também, sem sombra de dúvida, um canto de declaração e amor a este Vale encantador, onde além da “Rosa Verde”, visível somente pelos poetas, há também em algum lugar, as raízes da Árvore da Vida.
A carta abaixo se refere ao agradecimento de Ribeiro Filho sobre o trabalho “Gotas de Orvalho”, que tratamos na semana anterior.
Ceará-Mirim, 23 de maio de 1948Senhora dona Madalena Antunes:Uma honra e de permeio a alegria de receber a resposta de V.Sa., sobre o meu trabalho.Não considero que escrever, seja, antes de tudo, um meio de ficarmos conhecidos. A senhora é uma alma cheia de luz, aconselhou-me na hora certa e aprovou o título da minha pequenina obra literária, se é que posemos chamá-la assim.Quando aqui cheguei e observei o Solar dos Antunes, fiquei imaginando quem teria a idéia de tão imponente obra. Foi quando descobri que havia sido o senhor seu pai, o coronel José Antunes de Oliveira.A Matriz! Considero uma construção de valor inestimável. A arquitetura, a impetuosidade das torres, o badalar dos sinos!!!Mas, voltemos ao canavial como descrevemos em nossas cartas. Creio, senhora dona Madalena Antunes, que enquanto existir mundo, nenhuma terra poderá se nivelar ao vale verde dessa rica e luminosa cidade.Agradeço os sonetos do seu irmão, o poeta Juvenal Antunes. Um poeta de estirpe bela e rara, decididamente, o maior parnasiano brasileiro.Humildemente, nesta simplória missiva, mando-lhe pequenos versos que lhe dediquei. Saiba, dona Madalena Antunes, que irei à Natal na próxima quinta para uma visita social. Sua casa é na avenida Hermes da Fonseca, 700? Irei. Vou com os olhos cheios de ânsia para conhecer seus pés de manacá e bogari, além da frondosa mangueira no jardim e do cajazeiro, também no seu jardim.
BREVE POEMA Á GRANDE MADALENA ANTUNESDa viril terra nasceste, Oh! grande dama do vale! Desde o Oiteiro, ao Guaporé, até o solar Antunes Vossa importância de neta dos barões Manoel e BernardaEclodem como os sinos da Matriz, em dia de festança!Nobre senhora do Engenho Oiteiro Da inspiração epistolar que sempre se manifesta,Nas cartas, no jornalzinho que idealizou e fundouPara divulgar as belas obras dos cearamirinensesE até mesmo, deste pobre forasteiro.Uma honra! Louvor à nobre terra da senhora da Conceição,Terra de Juvenal Antunes, Adele de Oliveira, Abner de Brito,Do Rio Ceará-Mirirm cortando e refrescando o verde vale,Dos cipestres, palmeiras, coqueirais floridos,Canavial tão cheiro de poesia e verdor.Dona Madalena Antunes, rica e nobre escritora,Poetisa por excelência, elegante dama da sociedade,Tão nobre e sábia! Tão gentil e cordata,Aos vossos pés me rendo e beijo tas castas mãos,Oh! Doce e cara senhora do Oiteiro.Vosso humilde servo e fiel amigo,RIBEIRO FILHO
Este é Ribeiro Filho, poeta, morador da Rua da Cruz, homem que amou Ceará-Mirim e soube ver a beleza desta terra.
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